Francisca Queiroz diz que série mudou a forma como lida com a violência

A violência urbana sempre "travou" Francisca Queiroz. A atriz, que vive a delegada Catarina em "A Lei e O Crime", da Record, confessa que sempre teve medo de sair para se divertir no Rio de Janeiro, cidade onde mora. Quando ela começou a gravar o seriado, a coisa só piorou. "Quando vi as armas e como as coisas acontecem, fiquei com mais medo porque tive a real dimensão do perigo", conta.
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Mas, após quatro meses no ar, ela diz que, em parte, relaxou. E não se priva de mais nada por conta da violência. "Há duas opções: deixar de viver e se aprisionar ou encarar a realidade. Aprendi a me posicionar. Por isso é tão bom botar para fora tudo que sempre me incomodou", aponta ela, que se inspirou na própria mãe, também advogada, para compor o papel. "Minha mãe sempre diz que devemos tratar os suspeitos com dignidade até que eles sejam julgados", ensina.
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No seriado de Marcílio Moraes, Catarina já passou pelas mais diversas - e adversas - situações. Viu sua vida de "madame" mudar da água para o vinho após a morte do pai, assassinado por bandidos durante um assalto. A partir de então, fez valer seu diploma de Direito e prestou concurso para delegada. Foi quando Catarina começou a travar uma incessante luta contra o crime. Sem descer do salto, é claro. "Visitei uma delegacia na Lapa e conversei com a delegada, uma mulher superbonita. As pessoas tendem a imaginar mulheres machonas", diverte-se.
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Para completar, a personagem ainda tem de conciliar a dura rotina com o casamento. "Procurei fugir do estereótipo. Não podia fazer uma mulher sem medo, porque é mentira. O bacana é admitir esse medo e superá-lo. Tanto que ela foi ficando mais durona com o passar do tempo", avalia.
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Viver desdobramentos em uma só personagem aliás, é algo novo para a atriz de 29 anos, apesar de seus oito anos de carreira na tevê. "Nesse momento eu queria mostrar um posicionamento diferente. Um exemplo de mulher que se indigna com o que acontece e faz o que pode para mudar alguma coisa", aponta ela, que recentemente viveu a vilã Alexandra de "Amor e Intrigas".
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Determinada, a atriz conta que nunca teve dúvidas quanto à profissão a seguir. Prova disso é que, já aos 14 anos, ela começou a fazer cursos de teatro em Campinas, sua cidade natal. Aos 16, foi para São Paulo e se especializou ainda mais.
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"As ilusões foram se quebrando e fui vendo como é difícil essa profissão", pontua. Depois, seu 1,78 m de altura chamou a atenção de uma agência e ela foi para o Japão trabalhar como modelo. Mas a carreira não durou muito. "Não tinha nada a ver comigo. Meu negócio sempre foi a interpretação", reforça. Francisca não parou até fazer a Oficina de Atores da Globo e ser aprovada para a minissérie "Os Maias", de 2001. Depois, trabalhou na Record, no SBT, voltou para a Globo, retornou à Record... "Essa abertura é muito importante. Imagina só ter um lugar para trabalhar? Levo minha carreira com muita seriedade", afirma.
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Totalmente focada no seriado, Francisca confessa que não tem tido tempo para mais nada. Nem para os projetos no teatro que tinha antes de começar a gravar a produção, que foi esticada de 16 para 23 episódios, e deve terminar no dia 8 de junho. "Minha única folga é aos domingos, quando durmo e decoro os textos da semana. Mas estou muito feliz. Desde o primeiro momento sabia que a Catarina era minha", diz.
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Imagem: Rede Record / Fonte: UOL